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Usuários do transporte coletivo ocupam avenida e protestam na Tribuna da Câmara

por elis — última modificação 13/04/2016 12h06

Dezenas de trabalhadores e estudantes de Cambé ocuparam trecho da Avenida Inglaterra na noite de segunda-feira, onde ônibus do transporte coletivo urbano e metropolitano foram parados e liberados em seguida. Veículos que trafegavam pela via formaram fila e congestionaram as imediações do Colégio Estadual Olavo Bilac. Daquele ponto os manifestantes seguiram para a Câmara Municipal.


O protesto em Cambé foi contra o preço da tarifa de ônibus e as condições do transporte coletivo urbano e metropolitano. De acordo com alguns participantes, a manifestação foi convocada de última hora, já no início da noite, com o uso da rede social pela internet. “O povo acordou”, gritaram os participantes, portando faixas e cartazes.

A sessão do Legislativo foi aberta pelo presidente da Câmara, vereador Elizeu Vidotti, diante de uma plenária lotada. Por algumas ocasiões, inclusive na abertura dos trabalhos, Vidotti solicitou aos presentes que respeitassem o regimento interno da Câmara: “A presença de todos dignifica o nosso trabalho e o protesto de vocês é válido. Mas peço que façam silêncio e acompanhem a sessão com calma em respeito ao regimento interno da Casa”.


A professora Karina, moradora do Jardim Santo Amaro, foi a primeira manifestante a usar a Tribuna Livre da Câmara para falar sobre o transporte coletivo de Cambé. “É o terceiro ano que estou lutando para baixar o valor da passagem, agora de R$ 2,80”, disse. A professora destacou que valor igual ou parecido é cobrado também em outras cidades, como Curitiba: “Mas Curitiba tem um transporte que é referência nacional”, acrescentou.

Karina lembrou que, no ano passado, após protestos, uso da Tribuna Livre da Câmara por ela e outros usuários e outros encaminhamentos, o descontentamento do usuário de Cambé com o transporte coletivo foi para o Ministério Público. “Mas parece que tem alguém com o rabo preso”, emendou. Além da tarifa, a professora reclamou dos horários das linhas, das superlotações em alguns horários e das condições dos ônibus: “A gente é visto como palhaço. Espero não ter que voltar mais uma vez para queixar do transporte de Cambé”.

Estela Ramos, outra manifestante a usar a Tribuna Livre, disse que horas antes de ir à Câmara havia passado pelo Fórum Eleitoral, onde transferiu o seu título de São Paulo para Cambé. “Pago impostos, tenho casa e vou ser uma pedra no sapato dos vereadores”, afirmou, referindo-se ao seu papel de cidadã nas questões que afligem a sociedade e podem ter a interferência dos legisladores na busca de soluções.

Estela lembrou da ação civil de responsabilidade administrativa contra o Executivo Municipal, de iniciativa de vereadores da oposição na legislatura anterior. A iniciativa teria sido arquivada. A manifestante também mencionou ter participado inclusive de audiências públicas sobre o transporte, nas quais acordos foram referendados sem que as medidas acertadas fossem concretizadas. Em referência ao Executivo Municipal, Estela concluiu que se sente com a cara pintada de palhaço.


O vereador Conrado Scheller informou aos presentes que um documento que seria distribuído em seguida relata o empenho de alguns vereadores, que inclusive recorreram ao Ministério Público, para que a questão do transporte fosse solucionada. “O documento mostra quem na Câmara é a favor da empresa que presta o serviço e quem é a favor do povo. Que há defensores não só da redução da tarifa, mas também da urgência de ser realizada a licitação para o transporte, da necessidade de transporte digno e que nem todos aqui repousam em berço esplêndido, como se tem verificado em algumas situações”.

O vereador Cecílio Araújo enfatizou que a falta de licitação no transporte coletivo acarreta em prejuízos constantes aos usuários: “Não há contrato de prestação de serviço. Estivemos em 2010 em um grupo de vereadores numa reunião com o Executivo, onde reivindicamos pelo menos que os pontos de ônibus fossem cobertos pela empresa que atua no município, pois é atribuição do Executivo fiscalizar o serviço. Nada foi feito. 

A necessidade da presença do Ministério Público na questão foi manifestada pelos vereadores Cecílio Araújo, Conrado Scheller e Elizeu Vidotti. “É uma dívida que tem que ser paga ao usuário do transporte de Cambé”, disse Conrado.

O presidente da Câmara, Elizeu Vidotti, destacou que “sem licitação não há planilha de custo operacional da empresa que atua no município”. Após reforçar que a necessidade da concorrência é um tema debatido desde 2009, Elizeu alertou aos presentes: “Como cobrar da empresa se ela não tem licitação? Como cobrar um terminal decente? Não podemos mais esperar”.


Encerrado o período de uso da Tribuna Livre, o presidente da Câmara foi obrigado a suspender a sessão por cinco minutos antes de prosseguir os trabalhos, para que os ânimos fossem acalmados na plenária.

De acordo com a Procuradoria Jurídica do Município, em informações repassadas pela Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Cambé, uma comissão nomeada pelo Executivo está trabalhando na elaboração do edital de licitação para o transporte urbano de passageiros. 

O processo é demorado, segundo a procuradora Josiane Santos Brito, pois exige dados e estatísticas complexas sobre o volume de passageiros, itinerários e outros pontos que influenciariam no valor total da licitação. Por isso, conforme informou a procuradora, não é possível afirmar no momento quando esses trabalhos serão concluídos.


manifestação

  • Manifestantes ocupando trecho na Avenida Inglaterra


manifestação 1

  • A manifestação foi convocada de última hora pela internet e reuniu dezenas de trabalhadores e estudantes com faixas e cartazes


manifestação 2

  • Mobilização realizada em Cambé coincidiu com ações por todo o Brasil contra o custo elevado do transporte